Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada
um anjo
"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais." (Abraham Lincoln)
Olá meu "Anjo".
ResponderEliminarO silêncio, aquele que num post anterior, sobre a solidão, deixavas ao nosso coração como que adentrando-nos nesse espaço tão digo e tão nobre que é e necessidade de estarmos sós... e deparamos com a nossa realidade de querermos ocupar cada minuto das nossas vidas porque pensamos que assim as ganhamos mas... não, não é por aí e tu e eu bem o sabemos.
Já dizia o Grande Mestre "quem quiser ganhar a vida há de perde-la e quem a perder por causa do Meu Nome há de ganhá-la".
Quantas vezes eu mesmo tenho feito isso, ocupar o tempo para que não sinta o peso de cada minuto.
Hoje o teu coração fala desta serenidade e desta presença que não sendo o é, e mais que isso, que permanece no silêncio do coração que se entrega.
E é precisamente aí, como dizes e muito bem, que "todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz «serenizada»", pacificada diria eu.
Estar sempre em sintonia com alguém, ainda que na ausência e distância física, mas sentindo sempre o pulsar do coração, da Amizade que não tem fim e nada pode acabar, de uma voz que gravada na mente e no coração e que diz "Gosto muito de ti", é aí que ganhamos força para vencer os minutos que são mais difíceis, os tais que tentamos ocupar para esquecer mas que, a nossa mente tem destas coisas e, como dizia o Filósofo "o nosso coração tem razões que a própria razão desconhece", é aí que serenamos, o que somos e temos.
Tenho vindo aqui e também não tenho tido coragem para escrever mas venho, estou, partilho no silêncio como outros tempos á beira mar, numa esplanada a beber uma coca cola, ou nas recomendações para tomar os comprimidos... e como o tempo voa...
eh eh eh estas memórias fizeram-me sorrir mas pronto, "isso agora não interessa nada" (engane-se quem pensa que esta expressão é da Teresa Guilherme, não é, o "Anjo" há mais de 20 anos já o dizia e... bom tinha que se obedecer porque tinha mau feitio opss), fizeram-me sorrir porque quando os momentos e as palavras são importantes para nós, guardamo-las como se tivessem acontecido há minutos.
Como se guarda, como eu guardo, uma Cruz feita com a técnica de bilros vinda salvo erro da Holanda - Lembras? - ou um simples gancho de cabelo com uma flor branca...
Meu "Anjo", olha lá para cima nesta noite fria, hás de encontrar aquela Estrela que continua a dizer-te para não desistires porque não estás sozinho.
Eu também estou por aqui, e no coração sempre muito perto de ti.
"Um outro anjo"