"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais." (Abraham Lincoln)



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada

um anjo

1 comentário :

  1. Olá meu "Anjo".

    O silêncio, aquele que num post anterior, sobre a solidão, deixavas ao nosso coração como que adentrando-nos nesse espaço tão digo e tão nobre que é e necessidade de estarmos sós... e deparamos com a nossa realidade de querermos ocupar cada minuto das nossas vidas porque pensamos que assim as ganhamos mas... não, não é por aí e tu e eu bem o sabemos.
    Já dizia o Grande Mestre "quem quiser ganhar a vida há de perde-la e quem a perder por causa do Meu Nome há de ganhá-la".
    Quantas vezes eu mesmo tenho feito isso, ocupar o tempo para que não sinta o peso de cada minuto.

    Hoje o teu coração fala desta serenidade e desta presença que não sendo o é, e mais que isso, que permanece no silêncio do coração que se entrega.
    E é precisamente aí, como dizes e muito bem, que "todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
    Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz «serenizada»", pacificada diria eu.
    Estar sempre em sintonia com alguém, ainda que na ausência e distância física, mas sentindo sempre o pulsar do coração, da Amizade que não tem fim e nada pode acabar, de uma voz que gravada na mente e no coração e que diz "Gosto muito de ti", é aí que ganhamos força para vencer os minutos que são mais difíceis, os tais que tentamos ocupar para esquecer mas que, a nossa mente tem destas coisas e, como dizia o Filósofo "o nosso coração tem razões que a própria razão desconhece", é aí que serenamos, o que somos e temos.
    Tenho vindo aqui e também não tenho tido coragem para escrever mas venho, estou, partilho no silêncio como outros tempos á beira mar, numa esplanada a beber uma coca cola, ou nas recomendações para tomar os comprimidos... e como o tempo voa...
    eh eh eh estas memórias fizeram-me sorrir mas pronto, "isso agora não interessa nada" (engane-se quem pensa que esta expressão é da Teresa Guilherme, não é, o "Anjo" há mais de 20 anos já o dizia e... bom tinha que se obedecer porque tinha mau feitio opss), fizeram-me sorrir porque quando os momentos e as palavras são importantes para nós, guardamo-las como se tivessem acontecido há minutos.
    Como se guarda, como eu guardo, uma Cruz feita com a técnica de bilros vinda salvo erro da Holanda - Lembras? - ou um simples gancho de cabelo com uma flor branca...
    Meu "Anjo", olha lá para cima nesta noite fria, hás de encontrar aquela Estrela que continua a dizer-te para não desistires porque não estás sozinho.
    Eu também estou por aqui, e no coração sempre muito perto de ti.
    "Um outro anjo"

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