"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais." (Abraham Lincoln)



quinta-feira, 20 de maio de 2010

Naquele entardecer solarengo, ela olhava a janela da sua cama...

O sol, por de trás dos montes, descia lentamente, dando lugar às nuvens adormecidas de uma noite de verão. Era a última...


Queria a seu lado a Mãe, o Pai, os animais por quem dera todas as razões do seu viver, mas encontrava-se só no seu quarto.


Ninguém parecia lembrar-se que a doença que lhe corroera os ossos, agora lhe libertara a Alma para algo mais grandioso que nunca os seus olhos viram: algo incomparável ao sol que terminava o seu dia. Mais um dia!


Sentia-se liberta de dores, de tristezas, de mágoas, de tudo o que a prendera aquela cama durante anos...


Olhou em volta: no quarto entraram os animais que a olharam.


Despediu-se.


Ladraram na sua direcção e deitaram-se junto a seu corpo dormente e vazio de Luz.


Mais ninguém apareceu.


Sentiu então que um calor imenso a envolvia, transformando o seu coração em Paz, os seus sentimentos em gratidão, em Amor e finalmente em tranquilidade. Pode ainda dizer:


- Meus queridos, vocês que me acompanharam sempre, que me amaram incondicionalmente, irão no meu coração. Tal como com outros, esperarei por vós até chegar a vossa hora, tomarei conta da vossa vida e acompanhar-vos-ei para onde quer que vão. Parto agora mas nunca vos deixarei!


Aquele calor puxava-a.


Olhou para trás.


Uma luz imensa vinda de um ser angelical, tornou-se maior quando abriu as asas para a abraçar... era o início de uma nova vida!


Olhou novamente para trás...


Lamentou os seus amigos tão sós... e recuou!


O Anjo acenou com a cabeça e naquele instante os amigos estavam com ela.


Voltou a olhar para trás e jaziam os três abraçados.


Estava feliz!


Podia partir! Não havia mais nada que a prendesse ao mundo terreno...




Ainda hoje, reza a história que nunca ninguém descobriu como aquela criança de 4 anos morreu abraçada por dois cães, também eles mortos na mesma altura, fechados num quarto, ao pôr-do-sol de uma noite de verão!




Ainda há quem diga que a criança era um Anjo...

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