"Deixai-me dormir. Minha alma está embriagada de amor.
Deixai-me descansar. Minha alma está saturada de dias e noites.
Acendei as velas e os incensórios em volta da minha cama, e espalhai sobre meu corpo pétalas de rosas e de jasmins; e perfumai meu cabelo com almíscar; e despejai essências odoríferas sobre meus pés. Depois, olhai e lede o que a mão da morte houver escrito sobre minha fronte.
Deixai-me mergulhado nos braços do sono. Minhas pálpebras estão cansadas da luz.
Tocai a lira e deixai as ondas de suas notas metálicas acariciar meu ouvido.
Soprai as flautas e os pífaros, e tecei com suas melodias um véu em volta de meu coração impaciente por parar.
Cantai canções suaves e estendei os pensamentos mágicos como um leito para minhas emoções; depois, procurai a luz da esperança nos meus olhos.
Secai vossas lágrimas, ó companheiros. E erguei vossas cabeças como as flores levantam seus cálices à chegada da aurora. E vede a deusa da morte em pé como uma coluna de luz entre meu leito e o espaço. Retei vossa respiração e escutai comigo o roçar de suas asa brancas...
Evaporou-se a música das ondas do mar, e no trigal apagou-se a melodia dos arroios, e silenciaram as vozes das aglomerações humanas.
Agora, ouço somente a canção da Imortalidade, que se harmoniza com as inclinações da alma...
Não perturbeis o repouso do éter com adjurações e rituais. Mas deixai vossos corações regozijarem-se comigo e glorificarem a sobrevivência e a eternidade.
Não useis luto por mim em sinal de tristeza, mas vesti o branco e alegrai-vos.
E não faleis com lamentos da minha partida, mas fechai os olhos e me vereis convosco agora, amanhã e sempre...
Envolvei-me em terra fina e, junto com cada punhado, depositai sementes de açucena, de rosas e de jasmins. e elas germinarão e absorverão os elementos do meu corpo, e ao crescer espalharão aos quatro ventos o perfume do meu coração, e levarão ao sol os segredos de minha alma e dançarão com a brisa, e vagarão no vento para reconfortar o caminheiro.
Deixai-me agora, ó filhos da minha mãe. Deixai-me só e caminhai com passos mudos, como caminha a quietude nos vales desertos.
Deixai-me com Deus e espalhai-vos, calmamente, como o sopro de abril espalha as flores das amendoeiras e das macieiras.
Voltai a vossas casas, e lá encontrareis o que a morte não pode levar nem de mim nem de vós.
Deixai este lugar. O que procurais já está longe, longe deste mundo..."
"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais." (Abraham Lincoln)
Eu escrevo bem?
ResponderEliminar...sou um aprendiz...