não tenho mais palavras
Gastei-as a negar-Te...
(só a negar-Te eu pude combater
o terror de Te ver
em toda a parte!)
Fosse qual fosse o chão da caminhada
Era certa ao meu lado
A Divina presença impertinente
Do Teu vulto calado e paciente...
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão
Fechado num ouriço de recusas
Soltei a voz, arma que Tu não usas
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu a sua mó
O joio amargo do que Te dizia
Agora somos dois obstinados
que apenas vão a par na teimosia!
Miguel Torga in, Câmara Ardente
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